Karina Araújo Campos
12 de junho de 2009.
Cedo ou tarde vamos descobrir que quem importa para nós somos nós mesmos. E não se trata de imaturidade ou egoísmo não, nem de um retorno literal ao “id”, mas sim, de que se você transita durante alguns bons anos sobre a tentativa de realizar-se no outro, ou de que outrem o realize e baste para você é cansativo, e cansar-se é, na maioria das vezes desgastante e traz infelicidade.
Incrível que no ato de tais descobertas na vida, há sempre uma revolução. E revolução, já sabe... algo na essência do ser se modifica, quebra paradigmas, destrói-se soldados internos, nascem monges, ou destrói-se monges e nascem-se soldados dentro de cada um.
Pelo menos ao longo das minhas primaveras aconteceu assim. Como em meu conto “Guerra Íntima”, essa guerra que nunca cessa. O importante é entender as transformações.
Às vezes se recolher, ou extravasar.
Hoje eu não vou ouvir o que me desagrade e permanecer calada. E a maior de todas as descobertas é que não estou só falando. Estou agindo. Agindo bem ou mal, estou falando. Claro, devo atentar-me para o modo da reação ou ação, mas não profano mentiras, mas o modo da agir ou reagir, devo repensar. Estou na fase “id”, na impulsividade do transformar.
Que assim seja! Atire a primeira pedra quem tem domínio e controle total sobre si mesmo.
Meu desafio hoje é fazer e ser apenas o que quero. Ser o que sou. E ter também. Por que não?
Lutas constantes fazem parte do meu cotidiano, do cotidiano de todos nós. Nada nos impede de ter conquistas materiais à partir do trabalho. Trata-se de buscas e retornos. O que virá, o que será? Não importa. Vamos buscar. Buscar na independência. Desgasta-me a idéia de que tenho que depender de outrem para viver, para fazer, para realizar. Não acredito nisso. Se quero vou fazer, vou buscar. Livrai-me Deus, de um dia ser uma cruz ou um empecilho para alguém.
Deixai, Deus, os jovens virem com toda força e os velhos se irem com suas inevitáveis fraquezas. Mas tornai-nos, Universo, independentes de alma. O querer depender é lastimável. Lastimável... Por isso, eu vou...
Aquela frase que diz “não fazemos nada sozinhos” não existe para mim. Eu faço sim. Muita gente faz, e é feliz, ou infeliz, ou tem retornos, ou não. Assim como todo mundo. E também não significa que tais atitudes signifiquem egoísmo, egocentrismo. Simplesmente que fazemos sim, coisas sozinhos. Alguém vive no lugar de alguém? Alguém passa para alguém o que a pessoa tem que passar? Alguém morre na hora errada ou no lugar de outra pessoa? Nem tentem... Vai dar errado. Basta a sua própria cruz. Ajudar e ser solidário não é isso. Nem tampouco sua solidariedade é a correta ou significa solidariedade para o outro. E o que você quer? E o que o outro quer? Na complexidade do significado real de tudo isso, creio que passei a mensagem que queria.
Chegar aos trinta anos é como ser adolescente. Você está velho demais para algumas coisas, então você é imaturo. Ou você é novo demais para outras coisas. Concluindo, a imaturidade é a constante da vida do sujeito. Assim como na adolescência, a falta de entendimento para essa máxima ainda permanece. Mas, continuamos a vida, que é linda, e basta estarmos vivos para viver. E a vida é aprendizado mesmo. Ruim é gente que acha que sabe tudo e que já viveu tudo e não tem nada para aprender. Aja...
É estranho o dia do aniversário. E vamos acostumando com tanta estranheza com o passar dos anos. Aquele frio na barriga que temos quando criança não acontece mais. O dia parece que é domingo, mesmo que seja dia de semana. Fica tudo meio deslocado. E o aniversariante mais deslocado ainda.
Este ano eu escolhi fazer o que meu coração pedia há aproximadamente uns três anos. Viajar. E ter consciência de que o aniversário é meu. E que não tenho que fazer aniversário para os outros.
Cada um faz o que quer no seu, e não tenho que comemorar porque os outros querem. Portanto, uma dica: pensem nos próximos aniversários de forma organizada. Pensamento organizado e consciente do que realmente querem.
Já que tudo na data do nosso nascimento é deslocado, parece que por causa do próprio nascimento mesmo. Nós saímos do ventre da nossa mãe para um mundo deslocado de tudo, e aí tudo retorna à memória nesta data. Bom, eu preferi me deslocar para outro lugar no meu dia. A idéia é que tudo fosse uma espécie de retiro e foi. No Caraça, parque de reserva natural, conheci mais que um novo lugar. Conheci um pouco mais de mim. Desloquei-me o tempo todo. Entre trilhas e natureza, entre histórias e histórias, as que foram ditas e as que não foram contadas, mas que permanecem no ar. Na alma daquele lugar. Nas caminhadas pensamentos mil vão e voltam. Quem sou? Quem fica para trás? Quem chega? Quem se instala? Um eu, eu, eueueueueueueueueueueueueueueueue...
Na visita ao museu encontro as mais belas fotos dos animais e espécies existentes no local; dentre elas as borboletas. A borboleta que traduz lindamente e levemente a transformação. E o presente maior foi ler o poema denominado “A terapia das borboletas”, cujo autor Luiz Augusto Cassas escreveu de forma sublime, o que me ajudou a “desencasular-me”. Essa é mesmo a terapia da vida: a transformação / a mudança de atitude / a ação transformada a todo momento, a todo instante / novas formas a um ser, a um agir, a um estar, a um querer / SER. E amanhã, outro SER. Em transformação sempre.
Um eu em transformação constante, com experiências já vividas. O externo se torna cada vez menos importante, o coração, o querer, o desejo, o realizar-se, o interior fica cada vez mais importante.
O seu olhar diz mais que suas palavras para quem o compreende. E quando a atitude o leva a sussurrar suas escolhas, elas se tornam ouvidas universalmente, causando medo e receio alheios. O sussurro é o grito da alma. E a sua escolha é divina, seja ela qual for. Será respeitada. Descobrir que as escolhas provindas de causas e conseqüências é responsabilidade de cada um, fruto em potencial de si próprio, e é mais que explicativa para saber que agimos sozinhos sim, o que se passa dentro de nós é uníssono com nosso âmago e nada mais. Depender de quem para agir? Desloquemo-nos sempre. Feliz 30 anos quantas vezes for preciso para todos nós.
CAMPOS, Karina Araújo. Belo Horizonte, 12 de junho de 2009.
Todos os direitos reservados ao autor. Não autorizada cópia. Indique a leitura através deste site http://www.fotoletraspoeticas.blogspot.com/
12 de junho de 2009.
Cedo ou tarde vamos descobrir que quem importa para nós somos nós mesmos. E não se trata de imaturidade ou egoísmo não, nem de um retorno literal ao “id”, mas sim, de que se você transita durante alguns bons anos sobre a tentativa de realizar-se no outro, ou de que outrem o realize e baste para você é cansativo, e cansar-se é, na maioria das vezes desgastante e traz infelicidade.
Incrível que no ato de tais descobertas na vida, há sempre uma revolução. E revolução, já sabe... algo na essência do ser se modifica, quebra paradigmas, destrói-se soldados internos, nascem monges, ou destrói-se monges e nascem-se soldados dentro de cada um.
Pelo menos ao longo das minhas primaveras aconteceu assim. Como em meu conto “Guerra Íntima”, essa guerra que nunca cessa. O importante é entender as transformações.
Às vezes se recolher, ou extravasar.
Hoje eu não vou ouvir o que me desagrade e permanecer calada. E a maior de todas as descobertas é que não estou só falando. Estou agindo. Agindo bem ou mal, estou falando. Claro, devo atentar-me para o modo da reação ou ação, mas não profano mentiras, mas o modo da agir ou reagir, devo repensar. Estou na fase “id”, na impulsividade do transformar.
Que assim seja! Atire a primeira pedra quem tem domínio e controle total sobre si mesmo.
Meu desafio hoje é fazer e ser apenas o que quero. Ser o que sou. E ter também. Por que não?
Lutas constantes fazem parte do meu cotidiano, do cotidiano de todos nós. Nada nos impede de ter conquistas materiais à partir do trabalho. Trata-se de buscas e retornos. O que virá, o que será? Não importa. Vamos buscar. Buscar na independência. Desgasta-me a idéia de que tenho que depender de outrem para viver, para fazer, para realizar. Não acredito nisso. Se quero vou fazer, vou buscar. Livrai-me Deus, de um dia ser uma cruz ou um empecilho para alguém.
Deixai, Deus, os jovens virem com toda força e os velhos se irem com suas inevitáveis fraquezas. Mas tornai-nos, Universo, independentes de alma. O querer depender é lastimável. Lastimável... Por isso, eu vou...
Aquela frase que diz “não fazemos nada sozinhos” não existe para mim. Eu faço sim. Muita gente faz, e é feliz, ou infeliz, ou tem retornos, ou não. Assim como todo mundo. E também não significa que tais atitudes signifiquem egoísmo, egocentrismo. Simplesmente que fazemos sim, coisas sozinhos. Alguém vive no lugar de alguém? Alguém passa para alguém o que a pessoa tem que passar? Alguém morre na hora errada ou no lugar de outra pessoa? Nem tentem... Vai dar errado. Basta a sua própria cruz. Ajudar e ser solidário não é isso. Nem tampouco sua solidariedade é a correta ou significa solidariedade para o outro. E o que você quer? E o que o outro quer? Na complexidade do significado real de tudo isso, creio que passei a mensagem que queria.
Chegar aos trinta anos é como ser adolescente. Você está velho demais para algumas coisas, então você é imaturo. Ou você é novo demais para outras coisas. Concluindo, a imaturidade é a constante da vida do sujeito. Assim como na adolescência, a falta de entendimento para essa máxima ainda permanece. Mas, continuamos a vida, que é linda, e basta estarmos vivos para viver. E a vida é aprendizado mesmo. Ruim é gente que acha que sabe tudo e que já viveu tudo e não tem nada para aprender. Aja...
É estranho o dia do aniversário. E vamos acostumando com tanta estranheza com o passar dos anos. Aquele frio na barriga que temos quando criança não acontece mais. O dia parece que é domingo, mesmo que seja dia de semana. Fica tudo meio deslocado. E o aniversariante mais deslocado ainda.
Este ano eu escolhi fazer o que meu coração pedia há aproximadamente uns três anos. Viajar. E ter consciência de que o aniversário é meu. E que não tenho que fazer aniversário para os outros.
Cada um faz o que quer no seu, e não tenho que comemorar porque os outros querem. Portanto, uma dica: pensem nos próximos aniversários de forma organizada. Pensamento organizado e consciente do que realmente querem.
Já que tudo na data do nosso nascimento é deslocado, parece que por causa do próprio nascimento mesmo. Nós saímos do ventre da nossa mãe para um mundo deslocado de tudo, e aí tudo retorna à memória nesta data. Bom, eu preferi me deslocar para outro lugar no meu dia. A idéia é que tudo fosse uma espécie de retiro e foi. No Caraça, parque de reserva natural, conheci mais que um novo lugar. Conheci um pouco mais de mim. Desloquei-me o tempo todo. Entre trilhas e natureza, entre histórias e histórias, as que foram ditas e as que não foram contadas, mas que permanecem no ar. Na alma daquele lugar. Nas caminhadas pensamentos mil vão e voltam. Quem sou? Quem fica para trás? Quem chega? Quem se instala? Um eu, eu, eueueueueueueueueueueueueueueueue...
Na visita ao museu encontro as mais belas fotos dos animais e espécies existentes no local; dentre elas as borboletas. A borboleta que traduz lindamente e levemente a transformação. E o presente maior foi ler o poema denominado “A terapia das borboletas”, cujo autor Luiz Augusto Cassas escreveu de forma sublime, o que me ajudou a “desencasular-me”. Essa é mesmo a terapia da vida: a transformação / a mudança de atitude / a ação transformada a todo momento, a todo instante / novas formas a um ser, a um agir, a um estar, a um querer / SER. E amanhã, outro SER. Em transformação sempre.
Um eu em transformação constante, com experiências já vividas. O externo se torna cada vez menos importante, o coração, o querer, o desejo, o realizar-se, o interior fica cada vez mais importante.
O seu olhar diz mais que suas palavras para quem o compreende. E quando a atitude o leva a sussurrar suas escolhas, elas se tornam ouvidas universalmente, causando medo e receio alheios. O sussurro é o grito da alma. E a sua escolha é divina, seja ela qual for. Será respeitada. Descobrir que as escolhas provindas de causas e conseqüências é responsabilidade de cada um, fruto em potencial de si próprio, e é mais que explicativa para saber que agimos sozinhos sim, o que se passa dentro de nós é uníssono com nosso âmago e nada mais. Depender de quem para agir? Desloquemo-nos sempre. Feliz 30 anos quantas vezes for preciso para todos nós.
CAMPOS, Karina Araújo. Belo Horizonte, 12 de junho de 2009.
Todos os direitos reservados ao autor. Não autorizada cópia. Indique a leitura através deste site http://www.fotoletraspoeticas.blogspot.com/
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