Karina Campos
Tive o imenso prazer de viajar com três belos rapazes, de brilhantes olhos castanhos e com mais uma característica em comum: gostam de mulheres bonitas (e inteligentes) e amam a natureza!
Um dos rapazes é o amor da minha vida. Gabriel, tem beleza pura e angelical, não vê mal em nada, é protegido pela falange maior, com certeza. O Bê tem beleza estampada na voz, na arte da musicalidade, seresteiro da noite... Gu, que peça rara!!! Até seu caminhar emana tranqüilidade, seus pés cantam hinos. Os três se apaixonaram por uma bela morena: Ah, Serra Morena!
Pobre percepção fez-me desencadear em trocadilhos o amor destes homens pela natureza e pelas mulheres. Gabriel descordou de mim. Disse que a Serra Morena ele veria e teria apenas uma vez e que a mim verá e terá sempre. Mas bem sei que uma vez apaixonado, eternamente apaixonado! Mas, essa é uma rival que vale a pena: faz-me buscar evolução, na incontestável beleza natural de existir.
Bê e Gu, solteiríssimos de mulher, mas já casados com Serra Morena e qualquer outra forma da natureza que existir, não se exitavam em revelar-se ao ver qualquer forma humana do sexo feminino, fêmea... Lembra aquela gatinha? Transmutamos legal em Ouro Fino (ou em Ouro Preto?). Nossa, tive um impacto espiritual com aquela gatinha! Viu aquela que passamos agora!
Nossa, reparei sim. Gostei das pernas dela, são longas. Gosto disso! Gabriel se resumia apenas em pensamentos nestes momentos, também, né, acompanhado pela namorada! E quando passavam pelos belos lugares da Serra Morena, repetiam frases semelhantes, como por exemplo: Olha aquele vale, cara! Olha o pico da montanha! A grama está tão verde! Vi cristais maravilhosos! Era como se falassem de mulheres, montava-as em minha memória. Imaginem:
Os vales são curvas de um corpo, os picos são seios (belíssimos), A grama é a pele macia, olhos de cristal... Viram, como é grande a semelhança?
Um fato interessante foi quando íamos para a Cachoeira da Caverna e logo após passarmos a ponte nos deparamos com um Fiat Uno parado com as portas abertas e duas garotas a espera de algo.
Bom, pensei logo: Duas para dois e com certeza os rapazes pensaram muito mais coisas, acredito. Isso não pode ser apenas coincidência. Desceram na cordialidade total, se prestaram a verificar o carro para as duas, repararam-nas indiscutivelmente, empurraram o carro e ofereceram a imprevisível “carona”. Engraçadíssimo foi que o Gu deixou o posto de acompanhante do Bê na frente e veio sentar-se comigo e Gabriel atrás, mas não tardou em se decepcionar com a atitude das duas em sentarem se juntas no banco da frente. Oh!!! Meu âmago não se conteve em rir e o Gu sabe disso. Fizeram a boa ação do dia e quando voltamos presenciei o diálogo mais harmonioso de todos os tempos. Bê perguntou na calmaria das brisas que entravam pela janela do carro:
- Gugu, me diz o que achou daquelas duas garotas.
- Ah, cara... na transmutação elas são místicas...
- É, isso aí, cara, também achei isso. E qual você achou mais bonita?
- Ah, aquela de piercing! E você?
- Uai, cara, qual era de piercing? Não vi nenhuma de piercing. Gostei da que tinha a tatuagem...
- Tatuagem? Não vi tatu em nenhuma...
E caímos na gargalhada, os quatro.
Mas, bem sei, que das mulheres eles têm vagas lembranças, mas da Serra Morena sabem cada detalhe. Cada gesto, cada gota que caía das cachoeiras, cada canto dos pássaros, cada balançar das árvores, cada pedra cristalina. A cada passo dado se surpreendiam com tamanha beleza. Este sim, posso dizer que no momento e até eternamente é o verdadeiro amor destes rapazes.
Pela Serra Morena fizeram questão de desvendar vales, fendas, corredeiras, cavernas, cachoeiras... Para a Serra Morena fizeram serenatas e cantaram o amor incondicional.
A lua os acompanhava. E para ela revelaram a nudez de suas almas.
Para sempre dentro de seus corações: Serra Morena.
Campos, Karina Araújo. Belo Horizonte, 29 de março de 2005.
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domingo, 16 de agosto de 2009
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