Com imensa alegria, recebo o resultado do Concurso de lendas e poesias Mulheres Emergentes, realizado exclusivamente pela poeta e editora Tânia Diniz, que contou com juri de excelente gabarito, conforme nomeado a seguir.
Fui destaque com as três lendas inscritas (abaixo). A poesia é um hobby, aliás, escrever é um hobby do qual me orgulho. Embora minha profissão me ocupe quase 100% do tempo (o que amo de paixão), sempre que sobra uns minutos escrevo, e na verdade, lembro a querida Sandra Veroneze, da Editora Pragmatha, que está lançando seu primeiro livro de poesias, que se chama "Nascidos à Forceps", e é exatamente isso; meus poemas, lendas, etc, têm nascido assim, a inspiração é introduzida no insight da leitura de um concurso (que desejo participar), de um tema específico, e nascem de imediato, "forçados" pela "falta" de tempo. Mas quer saber, amo essa falta de tempo em prol de realizar o que gosto...
Obrigada pela oportunidade, Tânia! Adorei! Grande abraço poético e lendário! Um abração! Karina.
CONCURSO DE LENDAS E POESIA MULHERES EMERGENTES
Resultado do Concurso (original):
Júri, os professores:
Profa. Constância Lima Duarte, da UFMG, pesquisadora - de BH- MG.
Profa. Graça Graúna, escritora e poeta, de Recife- PE.
Prof. Ronald Claver, escritor e poeta - de BH- MG
Lendas
1 lugar - A Lenda de Iaraguaçu - Luiz Eduardo Caminha - Florianópolis - SC- médico, escritor, poeta e jornalista
2.lugar - Relíquia - Cláudia Cardoso - BH - Administradora de empresas, poeta, escritora.
3 lugar - A lenda do Rio Vermelho - Manoel Amaral - advogado, escritor. Divinópolis - MG -Criou o personagem Osvandir.
Título de DESTAQUE:
A dama da noite - Cristina Carone - Ubá-MG, reside em BH. Func. pública.
Badalos de uma lenda - Norallia de Mello Castro - BH-mg - escritora
Cuidado com o que deseja- Eliane Accioly Fonseca - SP - Psicanalista, poeta, escritora, artista plástica.
Do barro nasCida - Sílvia Simone Anspach - SP - Profa.universitária aposentada, poeta e psicanalista.
Eclipse - Flávia Drumond Naves - Psicóloga e psicanalista -BH - MG
Foi assim - Karina Araújo Campos- Psicóloga e consultora empresarial- BH -MG
Lenda - Ana Carol Diniz - publicitária, empresária, poeta e contista - BH - MG
Marteladas Noturnas - Karina Araújo Campos - Psicóloga e consultora empresarial- BH- MG
O pote de ouro - Marilia Murta Almeida- BH - MG - Psicóloga, profa. filosofia, tradutora e escritora.
Serenata - Karina A.Campos - Psicóloga e consultora empresarial- BH -MG
Poemas
1 lugar - Drumondiana - Alzira Célia Soares Sene - professora - Ribeirão Preto - SP
2 lugar - Apetite - Cláudia Cardoso - administradora de empresas, poeta e escritora - Belo Hte.- MG
3 lugar - Orlas - Ana Claudia Díaz - estudante - Buenos Aires, Argentina
Título de DESTAQUE:
DIAS E RIOS - Eliane Accioly Fonseca - psicnalista, escritora, poeta. São Paulo -SP
ENTRELAZADOS - Maria Cristina Drese - poeta, escritora - Buenos Aires - Argentina
EXCEÇÃO À REGRA - Alzira Celia Soares Sene - Ribeirão Preto- SP
FOTONOVELA - Alzira Célia Soares Sene - Ribeirao Preto - SP- professora
LIBERTA QUAE SERAS TAMEN - Silvia Simone Anspach -São Paulo -SP
PENSAMENTOS OUTONAIS - Luiz Eduardo Caminha - Florianopolis- SC- médico, escritor, poeta e jornalista
POSSE- Claudia Cardoso - BH - MG
QUERENCIAS - Luiz Eduardo Caminha- Florianópolis - SC
RETRATO NADA MATERIAL - Alzira Celia Soares Sene - Ribeirão Preto -SP
VIOLETA - Rosina Valcárcel - Lima - Peru - dra.em Antropologia, profa. na Universidad de San Marcos
Foi assim...
Karina Araújo Campos
Créditos da foto: Karina Campos
Desde que o mundo é mundo, existe a lágrima e o riso, a tristeza e a alegria e vários outros sentimentos e virtudes e desvirtudes inerentes aos seres humanos. Mas tem um sentimento, que também podemos chamar de virtude que todo mundo corre atrás...
Era uma vez, no mundo antigo, na Grécia, alva como sempre - parecia coberta por sal marinho - existia uma menina que esboçava sorriso na face. Seus olhos sorriam, seu olhar brilhava, sua boca ia de um canto ao outro da orelha, embora mostrasse as falhas dos dentinhos que saltaram para que outros pudessem nascer. Sua mãe contava que ao sair de sua barriga a menina sorriu. E quanto mais idade ela tinha mais risonha e feliz ela era. Conta-se que ela viveu assim numa vila grega por exatos duzentos anos e em uma noite de festividade local, ela evaporou-se no ar em forma cintilante, como milhões de estrelas juntas e começou a tocar nas pessoas e cada pessoa que ela tocava tornava-se feliz naquele momento.
E a notícia espalhou-se pelos quatro cantos do mundo tão rápido e no instante em que cada pessoa sabia da notícia tornava-se também feliz.
Então, até hoje as pessoas correm, procuram e às vezes são tocadas pela Felicidade. Diz-se que a felicidade plena é difícil encontrar, mas momentos felizes temos muitos. É que ela vive pelo mundo a tocar pessoa por pessoa, merecedora de momentos felizes. E que pode se tornar permanente a cada idade, a cada aceitação, a cada resignação, a cada consciência, a cada ano que passa. Felicidade (idade feliz) viveu feliz a cada idade, adotou a postura do sorrir, do vibrar, do ser e por isso é mais que um sentimento, é também uma grande virtude.
Belo Horizonte, 17 de junho de 2010.
SERENATA
Karina Araújo Campos
Relembram apaixonados em suas falas comoventes, de uma bela moçoila, cujos cabelos ruivos emolduravam uma pele alva e angelical, e seus olhos verdes ardiam como chamas em seus corações.
Seu nome era Serena, calma, tranqüila, pacífica, reluzente alma a destacar-se em Veneza.
Nas belíssimas gôndolas ornamentadas com rosas e flores campestres, passavam os gondoleiros e rapazes a vislumbrar Serena na janela a pentear as longas madeixas iluminadas pela lua. Estivesse a lua em qualquer de suas fases, Serena estava sempre iluminada e a iluminar as noites venezianas.
Quantos amores passavam debaixo da sua janela! Quantos lhe sucumbiram um olhar sequer. Quantos partiram platônicos. Quantos gritaram seu nome!
Mas um belo jovem, numa noite de verão, avistou sua musa e começou a cantar-lhe uma música apaixonadamente, trazendo para si o olhar de Serena. Seu corpo flutuou sobre o grande Canal de Veneza, percorrendo o som da voz do rapaz e subiu aos céus juntando-se aos cupidos emanando paixão e amor. A voz do rapaz se eternizou nos cânticos serenos e apaixonados das madrugadas. Hoje se faz serenatas pelo mundo todo. Canta-se o amor, canta-se a amizade. Para a serenata é preciso o amor, a musa, a noite, o luar e o cantar.
Belo Horizonte, 17 de junho de 2010.
Marteladas Noturnas
Karina Araújo Campos
Difícil saber exatamente a época em que aconteceu. Mas, há muitos e muitos anos atrás existia um sapateiro brejeiro, muito requisitado pelas pessoas de poder da época. Ele fabricava sandálias em couro, porém, partia do princípio indo desde a caça aos animais para rasgar-lhes o couro até o feitio da sandália em si.
Falava errado, comia com as mãos, vestia sempre as mesmas roupas e não tinha asseio nenhum. Mas as sandálias eram impecáveis. E como ele era trabalhador! Varava noites e madrugadas trabalhando na construção dos calçados.
Esse moço tinha um martelo de ferro fundido dos bons, que martelava a noite toda. Incansável, todavia.
Sua casa ficava nos campos verdejantes, e lá havia uma nascente que formava um grande brejo à porta da sua humilde casa, que de tempos em tempos, estava repleta de sapos verdes e marrons. Esses sapos viviam submersos, ficando somente com os olhos para fora d’água, olhando a janela do sapateiro, cuja lamparina brilhava até o amanhecer.
E assim, viveu o sapateiro brejeiro durante anos a fio, caçando e fabricando sapatos em couro, martelando a noite toda. Os sapos ali viveram ao som do martelo. Num dia frio e cinzento não mais se ouviu as batidas do martelo, não mais se viu a lamparina acesa, nem tampouco o sapateiro. Esquecido ficou o velho construtor de sandálias em couro. Seu corpo se decompôs ao lado do martelo e da lamparina já apagada.
Conta-se que numa noite de desova e girinos recém-nascidos, ainda no ninho, o velhote apareceu, pegou o martelo e deu três marteladas na mesa do casebre. E então, os sapos começaram a imitar o som e cresceram fazendo o barulho das marteladas. A esse sapo deu-se o nome de sapo-martelo, bicho de atividade noturna, assim como o sapateiro. Esses sapos vivem refugiados na vegetação, por vezes descoberto sobre ramos ou folhas grandes. E podem ser encontrados vocalizando sobre vegetação ou dentro d'água em partes rasas.
Os poderosos da região não mais visitaram a casa do moço sapateiro, pois acreditavam que seu espírito estava lá, dando marteladas nas sandálias de couro a noite inteira.
Belo Horizonte, 17 de junho de 2010.
Nota: também estou na Antologia Mulheres Emergentes lançada em 2007, com o poema Tótem.