
Fotoletras Poéticas
Emoldurando Paisagens
quinta-feira, 6 de maio de 2010
O amor e a praia

Em todos os tempos as histórias de amor comovem o ser. O amor é como a água... o verdadeiro amor é transparente, é límpido e torna-nos sensíveis ao mundo. O mundo do amor é um mundo azul, onde o fogo da paixão enaltece a grandeza do sentir. Porém, a transparência do amor ultrapassa todo o fogo produzido pela paixão, e há coisas que só sobrevivem sob o frescor das águas, que no balanço, no vai e vem do seu movimento fazem-se e refazem-se assim como os amores e não deixam cinzas...
- “A areia é maravilhosa. Sentir a areia nos pés é prazeroso. São milhões de partículas minúsculas e redondinhas juntas, a formar as costas litorâneas. Seja ela fofa, seja ela mais molhada, seja mais condensada, vermelha, amarela ou branquinha, sentir a areia é algo acolhedor, algo diferente, é sublime, tranqüilizante”.
Essas foram as palavras de Yana à sua mãe, quando retornou da primeira viagem que fez para conhecer o mar, aos dezessete anos. Sotaque nordestino, faceira menina, morena, os lábios viviam em sorrisos, os dentes brancos sempre à mostra. Dourada de sol, sobre a pele curtida da labuta, Yana, realizara um dos maiores sonhos que para ela poderiam existir: conhecer o mar, pisar e correr na areia.
Margarida não se continha ao ver a felicidade da única filha. Extasiava-se na sala de estar com banquinhos de palha e cortiça, as duas a sorrirem e Yana não parava de falar.
- Como é lindo o mar, minha mãe! É igual olhar para o céu. Tudo azul, mais escuro que o céu, mas não tem fim. É mais bonito ainda, mainha, o mar encontra com o céu lá no infinito. É um romantismo que só vendo. E as ondas parecem que fazem o barulho do beijo do encontro. A senhora nem acredita que existe aquilo mesmo. Parece mentira. Mas é verdade, viu! A senhora tinha que estar comigo, minha mãe!
- Pois é, minha filha! Mas querer não é poder, você sabe disso. E escolhi você para realizar esse sonho, que é mais seu que meu. A mim basta suas alegrias neste mundo.
- Mainha, mas o melhor nem lhe contei ainda. Mas a senhora não pode se avexar comigo não. Eu conheci um rapaz bonito demais, parecendo galã de novela. Parecia que o mar havia se derramado dentro dos olhos dele mãe. E ele era tão simpático, e tão educado que seria do tipo de genro que a senhora pediu a Deus. Acho que ele se encantou comigo, sabe! Ficou impressionado de saber que eu estava conhecendo o mar pela primeira vez. Enquanto eu conhecia o mar ele me contou do mar dos quatro cantos do mundo, não sabe! E enquanto ele falava, eu ouvia, e meus pés sentiam a areia, aquelas bolinhas minúsculas, entrando nos meus dedos, numa sensação de paz que nem sei explicar. Até disse pra ele que nenhum lugar do mundo devia ter aquela areia que trazia aquela sensação dali. Acredita que ele riu e falou que cada areia de cada canto do mundo traz uma sensação diferente e que cada uma é melhor que a outra, sabia mainha!
- Ah, minha filha! Que história é essa de rapaz! E aonde é que essa história terminou, menina? Não me desaponte, não. Vai, conta logo...
- Calma minha mãe, terminou na areia mesmo. Deixa eu lhe contar, fique calma.
Yana, em sua sincera amizade com sua mãe, fazia-lhe cada palavra parecer-lhe a mais pura realidade, a fim de que a mãe sentisse como se estivesse naquela bela praia. Mas Yana continha os maiores desejos de mulher no âmago e naquele jeito de menina. Relatou detalhes do que gostaria que a mãe soubesse, mas seus segredos de amor vividos na praia permaneciam guardados mesmo naquela chuva de palavras da recém chegada viagem. A alma de Yana transbordava felicidade. Era a felicidade de um primeiro amor, cheio de paixão, desejos, vivenciado num lugar paradisíaco onde reinava a alegria sublime de dois corações jovens, libertos no sentir, prontos para o viver somente.
-Então, minha mãe, George me deu as mãos e passeou comigo pela praia, caminhando vagarosamente. Eu ia sentindo a brisa batendo em meu rosto, as ondinhas tocando meus pés, as conchinhas brilhantes na areia. E sentia principalmente meu coração, que batia fortemente, como nunca senti antes, minha mãe. Acho, na verdade, que vivi um grande amor naquela praia, vivi minha primeira paixão e foi tão bonito!
Em sua mente, Yana ainda sentia como se estivesse ao lado de George, revivendo cada instante da viagem que lhe parecia um sonho lindo. Sentia ainda os afagos de George em seus cabelos, os carinhos feitos em seu rosto de uma forma única, com as mãos em forma de concha, sentia o cheiro de sua pele encostada na sua, sentia o sorriso do amado a sorrir-lhe na alma, com a boca bem pertinho da sua. Para Yana aqueles momentos jamais passariam na sua memória.
A magia daqueles momentos iria perpetuar-se na memória de Yana, na memória do pensamento, na memória do cheiro, na memória do gosto... Os apaixonados se amaram em cada momento que puderam, como se cada instante fosse o último de suas vidas. Os olhares apenas viam um ao outro e a praia. O sentir ia ao infinito da linha do horizonte, um amor azul na praia azul.
George e Yana se despiram de corpo e de alma plenos de sentimentos verdadeiros. Deitados na areia entreolhavam-se sob uma cortina de estrelas a emoldurar aquele instante. Adormeceram sob finos lençóis de linho de algodão brancos. O vento leve cantava e acalentava os amantes desbravadores de si próprios e um do outro. Será que um dia iriam experienciar tais momentos novamente?
O dia da partida de Yana chegara. George a contemplava como quem contempla o mar, com olhos fixos no infinito. Ela sorria simplesmente cheia de agradecimentos ao que a vida estava lhe oferecendo. George pediu-lhe o endereço e vergonhosa Yana entregou-lhe um bilhetinho com o endereço e um telefone de favor do vizinho das proximidades de sua casa.
Disse-lhe que jamais esqueceria aquele amor, e que o azul do mar, do céu e dos olhos de George ficariam para sempre em seu coração, em sua alma, em sua vida.
- Se não se esquecer de mim, George, sabe onde me encontrar.
O ônibus de Yana se aproximava e as mãos dos apaixonados não se desgrudavam, numa forma de sentirem-se até o último segundo. George olhou-a como se penetrasse dentro dela, como alguém que entra no mar, mergulha na onda. Mergulhou profundamente nos olhos de Yana dizendo o quanto já a amava e que também era inesquecível para ele.
Yana beijou George com doçura, com mel, mais adocicada que água de beija-flor e foi-se, qual borboleta tão leve estava seu ser. Seu olhar só via o azul, seu olha só via o amor. O mesmo amor e o mesmo azul que vislumbra, hoje, nos olhos de seu filho ao relembrar toda a história.
Yana cercou-se de azul, do amor que para ela tem a cor azul e tem a leveza e a fúria das ondas. George encantou-se com a terra do sertão da casa de Yana, encantou-se com Yana, com o filho e a praia... A praia está dentro de cada um, na realidade de cada um. O amor também.
Todos os direitos reservados ao autor. Não autorizada cópia. Indique a leitura através deste blog:www.fotoletraspoeticas.blogspot.com
Minha Terra Brasil

Karina Campos, Setembro de 2009.
No início eram matas verdejantes,
e a modernidade habitou entre nós!
Desbravadores, ainda hoje,
homens de louvores
são gente dessa terra.
Descobertas e redescobertas
Redes cobertas de uma cultura
a nascer... uma nova geração
a ação de uma nação
caminho do ouro
diamantes, esmeraldas
sol, calor, ambição
sangue
o ouro sumiu
a alma se derramou na lama
a lama devolveu a vida
a lama secou
se fez terra
essa terra de muitas terras
de muitas nações
que geram ações
gente
batente
temente
envolvente
Na musicalidade da terra
Um dançar de esperança
Um cantar hospitaleiro
A bravura do ser
Ente dessa terra
Liberdade
Igualdade
Caminhamos para a morte
Na luta do dia-a-dia
Pátria idolatrada
Amada
Nesse chão ventureiro
Que descobrimos sobre nossos pés
A cada raiar do dia.
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segunda-feira, 26 de abril de 2010
CURA
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Querida Brasília

"Nascida no futuro, a céu anil aberto, estrelas cintilam no chão: é gente, é projeto, é arquitetura a criar a subjetividade de Brasilia".
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Poema de Clevane para Graça e Cláudio Márcio

Esperei o dia amanhecer, para lhes dar parabéns
e bendizer os úteros onde foram gerados
numa singular e perfeita alquimia ...
Benditas suas mães, meus amigos,
que carregaram tal encantado peso,
durante a gestação.
Todos os anjos disseram Amém quando nasceram,
frutos saudáveis , de poética destinação:>
acho que quando balbuciavam, já diziam a linguagem perdida,
essa angelical e bela,
que hoje não mais se pode decodificar nem imitar
exceto quando se nasce poeta!
E vocês o são!
Clevane Pessoa de Araújo Lopes, com um grande abraço
Aos índios e às índias

sábado, 10 de abril de 2010
Obra Divina

Bem aventurados os trabalhadores

Karina Campos, Belo Horizonte, 10 de abril de 2010.
Admiro o trabalho
Todos os meus sonhos giram
em torno do trabalho.
Do ato de trabalhar
De fazer
De criar
De produzir.
Parar?
Estagnar?
Pausar?
Não está nos meus planos...
Amo a vida!
E o TUDO que ela pode
nos proporcionar.
Basta fazer...
Meu verbo é a ação...
Por isso eu nem conto o que estou fazendo...
(Risos!!!)
Para não perder tempo e
Livrar-me da inveja (dos invejosos)
Da Curiosidade (dos curiosos)!
Saibam apenas: não estou parada
Meu nome é trabalho
Produção
Ação
Resultado
Experiência...
Minha cabeça meu guia
Meus braços e pernas
Meu apoio.
Sou máquina
Humana
Pelo bem de mim mesma
Pelo trabalho
O trabalho enobrece
O trabalho valoriza
O trabalho enriquece
O trabalho garante
O trabalho provém
É provedor
O trabalho assegura
O trabalho é bem precioso!
Faz bem...
Traz conquistas e sonhos...
Bem aventurado é o trabalhador
De bem...
Bem aventurada a vida que nos proporciona
Sermos trabalhadores!
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Embriaguez

Novamente o vejo
Subindo a rua
Tentando equilibrar-se
Em pernas bambas
Descontroladas
Descompassadas...
Um passo à frente e
Dois atrás...
Que pena!
Que pena!
Um solitário
Ilimitado
Da dosagem ingerida...
Dosagem sem limite...
Que rumo tomas?
O de casa?
Pobre da mulher e dos filhos...
Embriagados
De olhos estatalados
Fóbicos da sua chegada...
Bêbados da sua bebida
Intragável infelicidade
Vício
Necessidade compulsiva
Impulsiva
O Etanol deu nó
Nas tripas e neurônios
Do alcoólatra...
Que pena!
Que pena!
Vejo-o mais uma vez
A subir a rua
Caindo...
Tão magro... magro...
Provável rumo é a casa...
O horário é o mesmo...
À espera
Deve estar a família:
Mulher e filhos
Embriagados
da sua chegada...
Que fim terás?
Anônimo deixou de ser
“Para mim”...
Parece-me trabalhador...
“Vitium” – falha / defeito
Desfeito...
Oposto da virtude...
Prazer seguido de dor...
Como você,
Tantos...
Que pena!
Que pena!
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Obrigada!
Seja sempre bem-vindo e volte sempre!
Suas sugestões, críticas, comentários são de grande valia para meu crescimento!
Abraço fraterno,
Karina Campos